terça-feira, 17 de agosto de 2010


Todos os dias eu te esperava com a mesma ansiedade da primeira vez e com a mesma incerteza de sua vinda de todas as vezes que eu o vi.
Te esperar era quase um ritual, perfumava-me, colocava minha roupa preferida, pintava os meus olhos e meus lábios e ia pra o meu quarto ler. Na verdade não lia nada, focalizava todos os meus sentidos num bater de cadeado, no portão, numa voz que gritaria meu nome. Vez ou outra olhava pela janela pra ver se ele havia chegado ou se estava chegando. Ah, quando ele chegava, era uma hora que parecia uma eternidade. Eu, com minha péssima mania de falar sem parar quando to nervosa, falava mil asneiras sem parar. Na hora de sua partida, o melhor beijo e o melhor abraço. Sim, o mundo parava ali. Depois o toque das mãos para consumar o adeus. Suspiros, suspiros. Eu ficava ali no portão olhando o carro dobrar a esquina e na angustia, será que ele volta amanhã?
Voltava pra meu quarto e ia logo me deitar. Queria guardar em minha pele suas digitais, em meus olhos só o seu rosto, em minha boca só sua saliva, em meu nariz só o seu cheiro, e em meu ouvido só a sua voz. Era uma forma de manter ele um pouco mais, ali, comigo. Pensava que se fosse juntar-me as outras pessoas da casa tudo os meus sentidos misturariam as sensações com as pessoas daqui de casa. E assim dormia e sonhava acordada e dormindo a noite inteira. No outro dia pela manhã ficava ainda sonhando, lembrando do sorriso, de cada gesto, palavra pronunciada. Chegada a tarde eu ficava ansiosa esperando sua msg dizendo algo, ou não dizendo nada, simplesmente esperava um sinal seu. Logo a noite vinha e com ela a angustia de te esperar, a angustia de não saber de sua vinda. Foi sempre assim.

Um comentário:

  1. uhul, intenso e belo...
    acho que esse é um sentimento puro que temos em algumas fases da vida...uma pena que sempre acaba...

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