domingo, 27 de junho de 2010

Relatório de Carlos, 64 contos de Rubem Fonseca.


"[...]mas talvez fosse por isso, por ela me amar loucamente que eu não conseguia amá-la no mesmo diapasã, que raio de sujeito pervertido eu era, precisava de incerteza, precisava lutar pelo amor, como fazia com Norma, para continuar amando. O homem é um ser complicado e infeliz. Dirão: nem todos são assim, existem os normais, aqueles que só gostam das mulheres que gostam deles, que só querem aquilo que podem alcançar, que só fazem o que podem fazer, que só vão aonde podem ir. Mas Norma era feita do impossível, de frustrações e ranger de dentes, de audácia e imprecações, de sofrimento e esplendor, de ferocidade, pertinácia, crueza e obstinação. Era isso o que só Norma me dava. E como Tereza não me fizera esquecer Norma, cismei que tinha que procurar outra. Outra que me enchesse de vida."

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